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segunda-feira, 26 de abril de 2010

Deficiência Intelectual

É quase impossível falarmos de cultura no Brasil sem citarmos a MPB, as artes visuais e nossa literatura.
Tom Jobim, Jorge Amado, João Bosco, Clarice Lispector, Tarsila do Amaral, Elis Regina e Vinícius de Moraes são alguns nomes importantes que ajudaram a construir essa arte tão singular que é a brasileira.
Como não se emocionar ao ler as melancólicas páginas de Dom Casmurro de Machado de Assis, com as constantes dúvidas de Bentinho sobre o adultério de Capitu?
Como não sentir cada acorde de “Retrato em branco e preto” de Tom Jobim tocando sua alma? E como conseguir ouvir “ela é carioca” do mesmo compositor, sem imaginar uma linda menina andando pelas ruas de Ipanema?
A arte brasileira consegue coisas simples e ao mesmo tempo raras e isso a torna especial.
Porém, não podemos esquecer de que ela está elitizada e que pessoas de classes inferiores (não cito “classe inferior” apenas sobre pessoas de baixa renda, mas também as com inferioridade de intelecto) não a valorizam ou não têm acesso a ela.
A arte poderia estar ao acesso de todos se a televisão resolvesse mostrar algo a mais, como programas educativos, adaptações de obras clássicas e concertos e o rádio resolvesse tocar música de verdade (creu e rebolation não estão incluídos nesse termo), pois, sabemos que rádio e televisão ainda são os meios de comunicação de massa mais utilizados e que somos vítimas deles, então como podemos querer que pessoas que só têm acesso a isso tenham noção de cultura e de arte?
O Brasil é um dos países com o maior índice de desigualdade do mundo e isso contribui muito para a escassez de inteligência com que nos deparamos todos os dias.
Se me fosse pedido para colocar a culpa disso em alguém, eu, certamente, a jogaria nas costas do governo (sem conseguir fugir do clichê) por não disponibilizar a arte aos menos favorecidos economicamente e, como segunda opção, eu culparia Tom Jobim, por ter escritos versos tão bem feitos a ponto de me deixar indignada por nem todos darem valor a eles. E, quando me faltam palavras, eu os cito: “Ninguém nunca sabe que males se apronta, fazendo de conta, fingindo esquecer que nada renasce antes que se acabe e o sol que desponta tem que anoitecer. De nada adianta, ficar-se de fora, a hora do sim é um descuido do não”.

Um comentário:

  1. É triste essa realidade.Eu moro na Bahia,e vejo coisas do tpw 'creu' e 'rebolation' constantemente no meu dia a dia. Lamentável.

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