Pages

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Mas, assim como veio, acabou

Ele entrou na sala e, pelo o que contaram a ela, olhou direto para sua carteira e, vendo-a vazia, abaixou os olhos como quem não encontrou o que procurava.
Uma vez ele lhe disse que gostava de vê-la na biblioteca e o seu lugar preferido do colégio (tirando a sala de aula nas aulas dele, é claro) tinha se tornado ainda mais interessante.
Dessa vez ela estava lá, passando o olho nas palavras de um livro no qual não conseguia prestar atenção e, na verdade, só fez isso para agradá-lo, ou melhor, para irritá-lo; afinal, ele nunca esperava que ela não estaria ali, sentada no mesmo lugar, com o mesmo uniforme, os mesmos óculos e a mesma cara de sono, que se segura para não bocejar e não demonstrar o tédio.
Ele sabia que, na verdade, todo o interesse pelas aulas era puro fingimento, inclusive já lhe disse isso e ela simplesmente sorriu, sem coragem de negar e mesmo assim ele queria que ela estivesse ali, o olhando com ironia.
Aquela carteira, aquele assunto, aquelas pessoas, aquele calor e aquele multimídia insuportável, ela só suportava quando ele estava ali, tentando prender a atenção de todos, mas especialmente a dela, dando indiretas a todo momento.
Ali, ele tinha um título e ela tinha outro e este era inferior a aquele; mas, sozinhos, eram uma pessoa só, que falavam do mesmo assunto e riam da mesma piada.
Sozinhos, ele a abraçava como quem não quisesse soltar e ela o correspondia querendo que, de fato, ele não soltasse.
No outro dia, ele era apenas alguém a quem ela queria agradar e irritar ao mesmo tempo.
O ano se foi e levou tudo com ele. Mas essa sim, pode dizer que teve um amor colegial…

Nenhum comentário:

Postar um comentário